quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Herbert Vianna - Tragédia versus Superação

O Paralamas do Sucesso, banda de grande sucesso nos anos 90 e ainda uma das mais importantes no cenário musical brasileiro de hoje, apresentou-se na véspera do feriado de sete de setembro na cidade de Parati-RJ, durante as comemorações em homenagem à padroeira da cidade, Nossa Senhora dos Remédios.


Confesso que me emocionei durante o show, misturando minhas lágrimas com aquelas que estavam sendo vertidas pelas nuvens, que choravam uma garoa fininha, provavelmente sentindo o mesmo que eu.

Sou fã do Paralamas do Sucesso. Não daquelas que fundam fã clube ou que rasgam a camiseta e mostram os peitos de forma alucinada quando avistam, a olho nu e a uma distância razoável, os seus ídolos. Mas gosto o suficiente para ainda ter diversos CD´s desta banda na minha prateleira, saber músicas de cor e ter assistido a dois shows deles durante minha adolescência, antes do acidente do Herbert Vianna e, agora, este terceiro, já na minha vida de adulta e pós-tragédia.

Não pense que chorei por amor à música que ouvia ou por tietagem, não. Chorei pela profundidade, complexidade e intermitência da vida humana.

Emocionei-me por ver o Herbert Vianna naquela cadeira de roda, paraplégico, depois de diversas lesões, inclusive cerebrais, na chuva, cantando pra mim. E digo mais! Não só cantando, mas pedindo desculpas, porque o show não seria aquilo que ele “sonhou”, pois a água poderia danificar a aparelhagem elétrica ou mesmo colocar todos em perigo.

Disse que cantaria uma última música. Cantou mais cinco. E agradeceu muito.

Herbert sofreu lesões cerebrais no lóbulo temporal direito e no hipocampo do cérebro, áreas responsáveis pela memória recente. Ele nunca lembra o que comeu no café-da-manhã ou o último filme que assistiu, mas ainda é capaz de tocar, cantar e compor maravilhosamente bem.




E a maior de todas as capacidades do Herbert, essa de caráter, que serve de estímulo e modelo para todos nós, para os momentos em que desanimamos aos menores obstáculos e em que sucumbimos diante das menores perdas: ele tem a humildade e a coragem de continuar, mesmo que isso doa...


2A


Os Paralamas do Sucesso
Composição: Herbert Vianna

Meu destino não me deixa em paz
De coração, não sei se eu posso amar
Amei tanto há tanto tempo atrás
Mas sofri, chorei, cansei de soluçar
Nem sei se é o fim,
Mas a luz da vida ainda brilha pra mim.
Pra uma princesa eu entreguei meu coração
Ela me fez cantar, sorrir, sonhar, sentir tesão
Me entreguei, fiz tudo que ela quis
Mas o destino me deixou na mão
Se é assim, que não seja o fim
Pois a luz da vida ainda brilha pra mim.
Então xinga
Com dois "a" de caatinga
Ou então pára
Sejam dois "a" de saara

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