terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Resenha - Pantaleão e as Visitadoras - Mário Vargas Llosa

Este bestseller, escrito pelo polêmico Nobel da Literatura Mário Vargas Llosa, é uma comédia hilariante e fantástica, que se passa nas cidades ribeirinhas da Amazônia Peruana, tendo como objetivo fazer uma crítica velada ao exército daquele país.

Pantaleão Pantoja, membro do exército peruano, recém promovido a capitão, é designado para uma missão sigilosa na cidade de Iquitos, em plena floresta amazônica. 

Dado ao fato de que os soldados lotados na selva amazônia, terra praticamente desabitada e sem infraestrutura, começam a apresentar comportamentos libidinosos inadequados, como estuprar as mulheres dos pescadores e as índias da localidade, o exército resolve organizar um serviço de prostituição, conhecido como "Visitadoras", para refrear os instintos animais dos seus membros e evitar maiores danos à comunidade local.

Para isso, o capitão Pantoja deve trabalhar a paisana, vestido de civil, e manter a missão em confidencialidade, inclusive, devendo esconder os objetivos de sua esposa e de sua mãe que o acompanham na mudança para a cidade de Iquitos.

Como o capitão é um excelente administrador, o Serviço de Visitadoras, denominado pela comunidade local de "Pantolândia", em homenagem ao seu fundador, Pantoja, a empreitada começa a crescer e se tornar o organismo do exército mais bem organizado e produtivo, contando, em seu ápice com um navio, um avião e mais de 40 prostitutas.

As missivas que o capitão envia ao exército, explicando quanto tempo deve durar o coito, quantas prostitutas serão necessárias para atender a demanda de soldados do local e das cidades vizinhas, que tipo de chás e comidas não devem ser ingeridas pelos soldados, evitando assim o aumento da libido, são engraçadíssimas.

A forma como Vargas Lhosa escreve também é única. Em várias passagens do livro, os diálogos estão ocorrendo ao mesmo tempo, ou seja, duas cenas, que acontecem em lugares diferentes, são narradas em conjunto e são tão bem escritas que é impossível ao leitor não entender que fala pertence a quem e onde.

Além disso, há diversas cartas, relatórios do exército e programas de rádio que são transcritos no livro, o que  demonstra a arte do escritor em conseguir harmonizar em um romance todos esses trejeitos, sem se perder na narrativa.

É um livro que surpreende do início ao fim, pois os absurdos que acontecem, tratados de uma forma tão realística, deixam sempre no ar aquela pergunta: o que mais poderia acontecer depois disso?

Um comentário:

  1. Oi Carol,
    Adorei a leitura de As travessuras da menina má e vou sugerir um outro livro do autor para o clube. Que tal?
    E como estão as coisas? Te mandei um e-mail, não sei se você recebeu...
    Bj

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