sábado, 11 de dezembro de 2010

Quem será Luís Murat? - cadeira 1 da ABL - fundador


Quem será Luís Murat, o fundador da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras? Essa foi a primeira pergunta que veio a minha cabeça. Sei lá porque, sempre pensei que essa cadeira era de Machado de Assis, até porque a ABL foi fundada por iniciativa dele.





Luís Murat, esse poeta desconhecido da maioria dos brasileiros, que dá nome a uma rua na Vila Madalena, aqui em São Paulo, até deputado pelo estado do Rio de Janeiro já foi. Dizem as más língua, que ele era viciado em brigas de galo.

Murat nasceu durante o Brasil Imperial, em 1862, em Rezende-RJ. Foi jornalista fundador do jornal Vila Moderna (tiragem entre 1886 e 1887) e muito empenhado na causa abolicionista, em que pese, como muitos escritores brasileiros, ter cursado Direito.

Sua poesia romântica liga-se acidentalmente ao parnasianismo, mais por análise dos críticos do que por inclinação do poeta, que escrevia sem qualquer preocupação em filiar-se a uma escola.

Seu poema mais famoso "A Última Noite de Tiradentes" foi publicado em 1890 no Jornal Gazeta de Notícias.

Além disso, sua obra inaugural "Quatro Poemas" lançada em 1885 é considerada de grande valor literário.

Veja um pouquinho da obra dele:


IRONIA DO CORAÇÃO
Como estavas formosa entre o mar e a minh'alma!
Ias partir... no céu vinha rompendo a aurora.
Eu te pedia - luz, tu me pedias - calma;
Eu te dizia: - "Crê"; tu me dizias: - "Chora!"
Beijei-te as mãos, beijei-te os pequeninos pés,
Como os lábios de um padre um assoalho sagrado.
Longe, ouvia-se ainda, entre os caramanchéis,
A melodiosa voz do luar apaixonado.
"É a voz do nosso amor, nos esponsais das flores.
Não chores mais, acalma a tua ansiedade.
Assim, como hei de eu dar tréguas às minhas dores,
E recalcar no peito esta amarga saudade?"
Partiste... Sobre mim cerrou-se a escuridão.
E eu não ouso subir aos meus sonhos agora,
Porque, irônico e mau, me grita o coração,
Quando não creio: "crê!", quando não choro: "chora!"
(Luís Murat, Poesias escolhidas, 1917.)

Semana que vem: Coelho Netto, o fundador da cadeira nº 2.

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